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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Fazer do Campo um lugar melhor para "se VIVER"

Artigo – O Novo Êxodo Rural

07de Fevereiro de 2011 | Publicado em Câmara de Juventude Rural
Por Rodrigo Veraldi*

Não sei se é só na minha região, acredito que não, mas estamos vivenciando uma escassez de mão de obra no campo que nunca antes percebi. Acredito que devido ao crescimento econômico nas cidades, que propiciam uma oferta de emprego cada vez maior, está havendo um forte êxodo do campo às cidades, que por sua vez estão “acolhendo” nossa mão de obra rural com uma avidez estonteante. Fica, portanto, o produtor rural, especialmente o pequeno produtor, que necessita fortemente das forças braçais para poder gerir sua produção, a ver navios, ou melhor tratores sem tratoristas.
Será este movimento irreversível? Será que não existe uma saída para o pequeno e médio agricultor? Quando haverá estímulos, programas sócio-econômicos e uma política voltada para fixar o homem ao campo? Há falta de projetos educacionais específicos que destinem uma educação dirigida aos jovens das zonas rurais, além de que não consigo imaginar melhorias em infra-estrutura como manutenção das estradas rurais, pontes, projetos de recuperação ambiental voltados às zonas agrícolas, fomento a cultura e lazer nestas áreas, falta de saneamento básico, e sem falar no tema saúde.
Sei que nós agricultores, passamos por entes passivos neste processo. Esta queda de braço já tem vencedor.
O que resta é esperar que os poucos trabalhadores rurais ainda sintam vontade de permanecer no campo, nem que seja por simples nostalgia.
Agora eu entendo perfeitamente porque na Europa e Estados Unidos, e outros países de economia desenvolvida, os moradores de cidades, pagam em impostos, valores absurdos que são revertidos em fortes subsídios aos produtores rurais no intuito de preservar a agricultura de pequeno porte. Esses países certamente passaram pelo mesmo processo de escassez de mão de obra, só que há muitas décadas. Então cria-se um ciclo desvirtuoso, onde a agricultura é mantida através de subsídios, e as cidades ficam oneradas com os altos tributos.
Será que não estaremos caminhando para esta mesma direção? Não é hora de mudar a estratégia? Porquê não ? Antes de ter nossa classe ser agraciada com ajudas e subsídios, não deveríamos enfrentar este processo de livre demanda com força política e planejamento, criando propostas para fortalecer a estrutura sócio-econômica rural?
* Rodrigo é agricultor do interior de São Paulo, especialista no cultivo de frutas vermelhas, e assina o blog Pequenas Frutas.